O texto aprovado ontem pelo Senado, limitando a cobrança de ICMS sobre
combustíveis acaba atribuindo aos estados a culpa pelo aumento desenfreado do
diesel, da gasolina, do etanol e até do GLP. E os senadores, que são
constitucionalmente representes dos estados, engoliram essa e desonraram seu
papel no parlamento. Tudo isso sem questionar um só momento o atrelamento da
política de preços da Petrobras ao dólar e à cotação internacional do petróleo.
A chamada casa revisora avalizou a postura canalha do centrão que,
comandado por Arthur Lira, enfiou o pacote eleitoreiro de Bolsonaro goela
abaixo da população. E os governadores, que ficarão como vilões dos preços
abusivos o que fizeram? A maioria, como foi o caso do Rato paranaense, enfiou a
viola no saco, acreditando mesmo que os estados serão ressarcidos, conforme
promessa de um ministro da economia que não cumpre em pé o que promete
deitado.
Comentários
Depois, já se ensaia avançar sobre a independência entre os poderes, a mais pétrea das cláusulas constitucionais.
Deputados e senadores passam a ter o direito de cassar decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal se “julgarem” que elas estão em desacordo com a Constituição, bastando que não sejam tomadas por unanimidade – todos já sabem que há por lá um ministro que vota em qualquer coisa que Jair Bolsonaro quiser.
Na prática, o Congresso se sobstitui ao Supremo como última instância jurisdicional, podendo anular até condenações criminais.
O paramento brasileiro virou uma organização criminosa, que movimenta bilhões de reais secretamente e, por eles, está disposta a transgredir e violar qualquer regra constitucional.
Arthur Lira é o gerente deste mecanismo, mas seu capo di tutti capi é Jair Bolsonaro, que lhes provê de fundos e proteção, como fazia-se nas Camorra, Cosa Nostra e na Ndrangheta italianas, que bem poderiam ser os apelidos dos partidos do Centrão: PL, PP e PR.
Ironicamente, gente que subiu ao poder por conta de nossa inacreditável “Operação Mãos Sujas”.
Também temos que tirar o rato aqui no Paraná, É LULA E REQUIÃO NO PRIMEIRO TURNO!
O governo Bolsonaro nunca quis agir no cerne da questão e tem o mesmo comportamento inercial de culpar os outros, numa solução simplista, acusatória e inócua. Não fazer nada foi opção. Até a pesquisa eleitoral. Só agiu agora, claramente porque se viu atingido eleitoralmente pela inflação geral que a questão dos combustíveis provoca.