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Naquela mesa tá faltando ele...



Ricardo Kotscho lembra, em artigo no portal UOL, que em 1983 um jovem deputado de primeiro mandato apresentou uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para restabelecer as eleições diretas de presidente da república no Brasil. Isso aconteceu num momento em que o regime militar dava seus últimos suspiros, através do governo do general João Batista Figueiredo, aquele que preferia o cheiro dos cavalo ao cheiro de povo.

Num primeiro momento, o jovem parlamentar mato-grossense foi “zoado” por lideranças partidárias no Congresso Nacional, inclusive do seu partido, o PMDB. Achavam que ele só queria se aparecer. Foi quando Ulysses Guimarães percebeu que ali estava a oportunidade para se iniciar no país, uma ampla campanha pela volta das eleições diretas para presidente, com potencial para mobilizar o Brasil de Norte a Sul, do Oiapoque ao Chuí.

Quis o destino que o Dr. Ulysses fosse candidato na primeira eleição direta pós-ditadura militar, mas tivesse uma votação fraca, apesar de um ano antes ter promulgado a Constituição Cidadã, costurada por uma qualificada Assembleia Nacional Constituinte.
O parlamentar em questão chamava-se Dante de Oliveira, que faleceu jovem, em 2006. A Emenda Dante de Oliveira mobilizou a sociedade de tal maneira, que houve um grande pacto nacional, reunindo, sem nenhum trauma, até alhos com bugalhos. O importante era o objetivo maior: dar ao povo o direito de escolher, pelo voto direto, o seu presidente da república.

A democracia tem dessas, coisas. Tem avanços e recuos, tem caminhar reto e tropeços, como ocorreu com as eleições de Fernando Collor e Jair Bolsonaro. Diante de tudo isso que está acontecendo hoje, é lícito reconhecer que o velho Ulysses, que morreu em um acidente aéreo e até hoje seu corpo continua no fundo do mar, faz uma falta danada.
Imagine ele aqui, em plena atividade no parlamento brasileiro, o quanto poderia fazer por nossa jovem democracia? Contando certamente com o auxílio luxuoso de Leonel Brizola, Miguel Arraes, Franco Montoro e Teotônio Vilela, entre outros, teria começado por tentar mudar o curso das eleições de 2018. Ainda que não lograsse êxito, por meio de articulações possíveis e aceitáveis, Dr. Ulysses estaria a esta altura, empenhado em evitar que o Palácio do Planalto se transformasse numa espécie de “Casa da Mãe Joana”.


Comentários

Anônimo disse…
Belo texto Messias.

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