O PGR Augusto Aras disse na CNN que a CPI da pandemia não entregou provas contra os indiciados. O senador Randolfe Rodrigues foi ao mesmo canal, provou que as provas foram encaminhadas e que Aras está mentindo descaradamente.
MESSIAS MENDES - Informação e análise, com o máximo de isenção e imparcialidade. Meu compromisso? É nunca afrontar a realidade dos fatos.
O PGR Augusto Aras disse na CNN que a CPI da pandemia não entregou provas contra os indiciados. O senador Randolfe Rodrigues foi ao mesmo canal, provou que as provas foram encaminhadas e que Aras está mentindo descaradamente.
Comentários
Quando a história julgar esse período sombrio da política brasileira descobrirá que a culpa nunca foi de Bolsonaro, mas daqueles que poderiam impedi-lo e optaram por nada fazer a respeito. O ministério público, outrora tão respeitado, chafurda na lama.
É preciso revogar a reforma trabalhista, brutal retirada de direitos sem a prometida geração de empregos; a reforma da Previdência, que torna a aposentadoria praticamente inalcançável; e o Teto de Gastos, que estrangula o investimento social para atender ao apetite dos banqueiros.
Em que país estava Aras quando rolou a CPI? Que desculpa mais esfarrapada a de que recebeu apenas um HD com informações "desconexas e desorganizadas". Não quer trabalhar, arrume um argumento melhor.
As delinquências de Bolsonaro são enterradas vivas em covas rasas. Os crimes de terceiros que chegam à sua mesa jamais lhe dizem respeito. Obteve salvo-conduto de Aras para se fazer de morto. É como se a passagem de Bolsonaro por Moscou reavivasse uma antiga máxima do escritor russo Dostoiévski: "Se Deus não existe, tudo é permitido." Se o camarada Bolsonarovski não cometeu o crime de prevaricação, extinguem-se todos os valores éticos e morais.
Se lhe der na telha, o presidente pode invadir um asilo para esganar meia dúzia de velhinhos. Aras decerto concluirá que o mito apenas praticou um gesto humanitário, antecipando o encontro dos idosos com Deus.
Num gesto petulante e ofensivo à CPI, ao Senado da República e à população brasileira, o colaboracionista ainda disse que recebeu “um HD com 10 terabytes de informações desconexas e desorganizadas”. Com esta frase ensaiada, Aras deu de lambuja para Bolsonaro e sua matilha um discurso propagandístico de inocência.
Não bastasse isso, na sequência, o colaboracionista fascista ainda tomou duas decisões indecorosas para proteger Bolsonaro.
A primeira decisão [17/2] foi pedir o arquivamento do inquérito do STF que apura o crime de Bolsonaro de vazar dados de uma investigação sobre ataque hacker ao TSE. Para justificar o injustificável, Aras mentiu que o sigilo do processo não teria sido determinado, e, por isso, “não há como atribuir aos investigados nem a prática do crime de divulgação de segredo nem o de violação de sigilo funcional” [sic], ele declarou cinicamente.
Neste dia 18/2, e num intervalo de apenas 24 horas, o colaboracionista fascista tomou a segunda decisão para safar Bolsonaro. Aras pediu para o STF arquivar o inquérito que investiga o crime de prevaricação de Bolsonaro que, mesmo recebendo a denúncia de propina na compra de vacinas, protegeu a gangue corrupta instalada no Ministério da Saúde controlado pelos corruptos do Exército.
O Senado deveria promover um tour do procurador-geral pelos cemitérios do país. Desse modo, o colaboracionista poderia se certificar das “provas” materiais dos crimes cometidos pelo governo Bolsonaro que ele, cinicamente, alega não ter encontrado no “HD com 10 terabytes de informações desconexas e desorganizadas”.
Do mesmo modo que tem a competência para confirmar a nomeação do procurador-geral, o Senado também tem a competência privativa de processar, julgar e afastar o colaboracionista fascista do cargo [CF, artigo 52].
Caso não promova o impeachment de Augusto Aras, o Senado estará assumindo, juntamente com a Câmara dos Deputados, um papel [ainda mais] coadjuvante na escalada do terrorismo fascista contra a Constituição e a população brasileira. Cabe a quem pariu este monstro descartá-lo no lixo.
Caso contrário, o fascismo-militar se sentirá, assim, ainda mais encorajado a atentar contra a democracia e a soberania popular, como planeja fazer em relação à eleição de outubro próximo.