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Contradições S/A

A Previdência Social paga R$ 10 bilhões de benefícios e aposentadorias por ano no Paraná. Mas só arrecada aqui, R$ 8 bilhões. Quer dizer, há um déficit de R$ 2 bi. A culpa desse buraco é da informalidade. Por isso, a Secretaria do Trabalho está lançando uma campanha pelo registro em carteira no Estado. Hoje de manhã, o Secretário do Trabalho Nelson Garcia esteve em reunião com a Coordenação Sindical na sede do Sindicato dos Arrumadores para pedir apoio.

Desse encontro, onde compareceram também o secretário de planejamento Ênio Verri, o deputado Nishimori e no finalzinho, o prefeito Silvio Barros, surgiu uma revelação, pelo menos para mim, surpreendente. Seguinte: há cerca de um ano o Secretário Municipal de Saúde , Antônio Carlos Nardi, assinou em encontro de sindicalistas no Centro de Convenções Araucárias, um protocolo de intenções para a implantação em Maringá de um CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador. O que é isso? Nada mais é do que uma escola para qualificação de servidores da saúde, para queles saibam detectar doenças ocupacionais e encaminhar o tratamento correto.

Vejam só: quando um trabalhador chega no posto de saúde em busca de socorro para algum mal provocado pelo esforço repetitivo no trabalho, dificilmente o médico conseguirá dar o diagnostico correto. E aí ele acaba sendo tratado da doença erradxa.

O CEREST já estava destinado para Maringá, mas ocorre que o secretário Nardi tentou depois retirar a sua assinatura, dizendo lá em Curitiba que assinou porque foi pressionado. "Se eu não assinasse, me massacravam". Os sindicalistas reagiram indignados. Mais indignado ainda ficou o assessor do Secretário do Trabalho, Núncio Manala, que disse nunca ter visto tamanho absurdo.E assim que o prefeito Silvio Barros entrou no salão, foram questioná-lo sobre a pisada de bola de seu secretário.
Diante do ambiente formado, e do peso de alguns presentes, ele se viu compelido a assumir um compromisso de corrigir a distorsão. E acabou fazendo mais: anunciou que se a Coordenação Sindicato topar e o Secretário Enio ajudar com a liberaçao de verbas do FAT, ele doa o terreno do Hospital do Trabalhador , posso posterior à implantaçao do CEREST.Aí um olhou pro outro, outro olhou pro um e todos os dirigentes sindicais presentes decidiram encampar a luta e se colocarem em prontidão para cobrar, cobrar e cobrar as promessas feitas.
Em tempo: se o projeto do CEREST tivesse andado, o centro já estaria funcionando em Maringá há muito tempo. O dinheiro para a implantação e posterior manutençao já está garantido há um ano. O de Cascavel funciona há vários meses com uma grande estrutura e quase meio milhão de reais na conta. O município não gasta um tostâo, é tudo dinheiro do FAT que acumula hoje recursos de cerca de R$ 130 bilhões. Como só um percentual muito pequeno está indo para o trabalhador, por meio de qualificação e programas como o CEREST,a montanha de dinheiro acaba ficando nos cofres do Tesouro Nacional e ajudando a engrossar o superavit primário. Ou quando muito, entrando no bolo dos grandes financiamentos que o BNDES concede a grupos privados. E olhem que o FAT se chama Fundo de Assistência ao Trabalhador. Que país é este?

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