. Por Ricardo Kotscho
Enfim, caíram todas as máscaras e
revelou-se por inteiro a soberba mediocridade de um governo formado na base da
mentira e da hipocrisia, em nome do combate à corrupção (dos outros) e da
defesa do "livre mercado" (só para eles). De onde saiu tanto lixo humano
para montar um time de mentecaptos e bandoleiros civis e militares que tomaram
o país de assalto dispostos a não deixar pedra sobre pedra?
Em torno de um capitão defenestrado pelo
Exército por indisciplina, parlamentar do baixo clero por três décadas, incapaz
de dirigir uma bodega na Barra da Tijuca, uniram-se o grande capital e o
lumpesinato da classe média ressentida, a escória que voltou às ruas neste
final de semana enrolada em bandeiras verde-amarelas como se fosse um exército
de ocupação.
Como se fosse pouco, querem agora fechar o
Supremo e o Congresso para entronizar o "Mito" como imperador
absoluto, com plenos poderes para concluir o processo de destruição das
instituições e implantar uma ditadura sem disfarces. No princípio, havia dois
"superministros" para avalizar o governo do capitão, lembram-se?
Primeiro, veio o Posto Ipiranga, codinome
do megalomaníaco economista pinochetista Paulo Guedes, um especulador da Bolsa,
que chamou Sergio Moro, juiz provinciano deslumbrado com as glórias midiáticas
da Lava Jato, para cuidar da Justiça e Segurança Pública. Guedes assumiu com
ares de primeiro-ministro e até hoje acha que, se ele sair, o governo acaba,
mas com o tempo foi murchando, sem entregar nada do que prometeu, vendo seu
ministério se desfazer.
Moro sonhava com uma cadeira no STF, depois
achou que poderia se candidatar a presidente da República, bateu de frente com
o capitão e hoje ganha a vida como consultor de uma empresa americana. Dá até
pena ver o choro de viúvas de Guedes e Moro na mídia, como se fossem freiras
que, de repente, se viram no meio de um lupanar e descobriram quem eram seus
ídolos.
Só se enganou com eles quem quis, porque
sempre foram umas bestas fundamentais, que se achavam os reis da cocada preta,
no meio de um bando de mediocridades do anti-ministério: anti-educação,
anti-meio ambiente, anti-saúde, anti-direitos humanos, anti tudo. O capitão, o
economista e o juiz são os três personagens mais patéticos deste enredo de
horror que nos desgoverna em meio a uma terrível pandemia.
Este governo pode acabar antes de ter começado,
preocupado agora apenas em se safar da CPI do Genocídio. A marca que a todos
une é a absoluta incompetência para estar nos cargos que ocupam, a inapetência
para o trabalho e a realidade paralela em que vivem, acreditando nas próprias
mentiras. São todos uns enganadores, e eles sabem disso, já nem disfarçam mais.
Mas o gado gosta deles assim mesmo, tanto que sai às ruas em seus carrões para
defendê-los com unhas e dentes, muitos dentes arreganhados.
Basta ver as imagens dos manifestantes em
defesa do governo: parecem todos saídos do mesmo ninho, olhos arregalados,
gritando contra o "comunismo" e que o Brasil nunca será uma
Venezuela. Pois já é, lamento informar. O que faltaria ainda? Só falta
oficializar as milícias verde-amarelas e as muitas máfias que se organizaram em
torno desse poder, que já foi circo, depois virou hospício e agora é um grande
velório a céu aberto.
Era uma vez um país chamado Brasil, que
tinha um grande futuro. Viramos isso aí.
. Ricardo Koscho é um jornalista brasileiro premiadíssimo. Ganhou o Prêmio Esso, espécie de Óscar do jornalismo brasileiro, com a série de reportagem "As Mordomias", publicada no final da década de 1970 (durante o governo Geisel) no Estadão.
Comentários
Não foi apenas negligência, bolsonaro e sua récua atuaram ativamente para maximizar o espraiamento do vírus e da morte.
Há uma campanha massiva e continuada de desinformação.
Com quase meio ano de pandemia e dezenas de milhares de mortos, o fascista que parasita o Planalto desfilava acintosamente sem máscara e em campanha clara de boicote a qualquer tipo de isolamento/distanciamento social.
Enquanto o resto do mundo começava a implementar a vacinação em massa, o desgraçado retardava/boicotava/sabotava o acesso da população brasileira ao imunizante.
Não fosse este transe coletivo, bolsonaro e outros canalhas da cúpula do governo já estariam DEPOSTOS E PRESOS!!!
O BOLSONARISMO MENTE E MATA!