Na verdade, as bravatas de Bolsonaro, que ameaça dar golpe dia sim e dia também, preocupa menos do que o comportamento deletério para as finanças públicas adotado pelo Congresso Nacional, principalmente pela Câmara dos Deputados. É estarrecedor ver que sob a presidência de Arthur Lira, a Câmara se apoderou da chave do cofre e passou não apenas a legislar e fiscalizar o Executivo, como é seu papel constitucional, mas também a administrar o orçamento da União. O que é pior: administrar de maneira nada republicana, valendo-se de imoralidades como o orçamento secreto, que prevê R$ 19 bilhões para o ano que vem, a serem drenados dos cofres públicos via emenda do relator, uma imoralidade sem tamanho.
É a pior composição do parlamento
desde que acompanho a política brasileira, como jornalista e como cidadão,
profissão esperança. Participei no final dos anos 80, do estágio universitário,
organizado pela 4ª. Secretaria, por indicação do saudoso deputado Walber
Guimarães. E fui, junto com o também saudoso Ernesto Piancó Morato,
representando a nossa UEM.
Naquela época, tínhamos uma Câmara e
um Senado de altíssimo nível. Tínhamos, por exemplo, na Câmara: Ulysses
Guimarães, Freitas Nobre, Heitor Alencar Furtado (que sucedia o pai, o grande
Alencar) e Hélio Duque, entre outras referências morais e éticas. Tínhamos no
Senado, José Richa, Paulo Brossard e Teotônio Vilela (que eu tive a honra de
conhecer pessoalmente). Enfim, era um Congresso Nacional de respeito, que fazia
o contraponto ao regime militar, àquela época já agonizando.
E hoje, o que temos? Nem é bom, falar.
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