Ariano
Suassuna deve estar perguntando a Deus: “Por que existem uns felizes e outros
que sofrem tanto, nascidos do mesmo jeito, criados no mesmo canto... quem foi
temperar o choro e acabou salgando o pranto ?”.
MESSIAS MENDES - Informação e análise, com o máximo de isenção e imparcialidade. Meu compromisso? É nunca afrontar a realidade dos fatos.
Ariano
Suassuna deve estar perguntando a Deus: “Por que existem uns felizes e outros
que sofrem tanto, nascidos do mesmo jeito, criados no mesmo canto... quem foi
temperar o choro e acabou salgando o pranto ?”.
Comentários
Maravilhoso! Ariano Suassuna não poderia ser mortal, Deus poderia ter lhe dado vida eterna para esse ser Sábio, Bondoso que deixou uma biblioteca de bons ensinamentos!
Leandro Gomes de Barros
Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando se chega pra cá?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que é que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Vivemos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?
Sobre o autor:
Leandro Gomes de Barros
Leandro Gomes de Barros, paraibano nascido em 19/11/1865, na Fazenda da Melancia, no Município de Pombal, é considerado o rei dos poetas populares do seu tempo. Foi educado pela família do Padre Vicente Xavier de Farias, (1823-1907), proprietários da fazenda, e dos quais era sobrinho por parte de mãe. Em companhia da família "adotiva" mudou-se para a Vila do Teixeira, que se tornaria o berço da Literatura Popular nordestina, onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo conhecido vários cantadores e poetas ilustres.
Do Teixeira vai para Pernambuco e fixa residência primeiramente em Jaboatão, onde morou até 1906, depois em Vitória de Santo Antão e a partir de 1907 no Recife onde viveu de aluguel em vários endereços, imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias. Vale a pena transcrever o aviso no final de um poema, A Cura da Quebradeira, que demonstra suas constantes mudanças e o grande tino comercial:
"Leandro Gomes de Barros, avisa que está morando em Areias, Recife, e que remetterá pelo correio todos os folhetos de suas produções que lhe sejam pedidos”.
Sua atividade poética o obriga a viajar bastante por aqueles sertões para divulgar e vender seus poemas e tal fato é comentado por seus contemporâneos, João Martins de Ataíde e Francisco das Chagas Baptista:
"Voltando João Athayde
De Vitoria a Jaboatão
Quando chegou em Tapéra
Que saltou na estação
Encontrou Leandro Gomes
Entraram em conversação"
"Estava em Lagoa dos Carros,
O grande Chagas Batista,
Quando trouxeram-lhe à vista
Leandro Gomes de Barros,
que para comprar cigarros
tinha descido do trem (...)"
Foi um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas. Leandro versejou sobre todos os temas, sempre com muito senso de humor.
Suassuna recitou este poema que vocÊ citou Messias.