Pular para o conteúdo principal

Adeus Joel!

Foi cremado ainda há pouco o corpo de Joel Silveira, um dos meus gurus do jornalismo. Morreu aos 89 anos, deixando lições que todos os que abraçam ou abraçarão este sacerdócio que é o jornalismo, deveriam absorver.
Chamado de víbora por Assis Chateuabriand, foi mandado para a II Guerra pelo próprio dono dos Diários Associados, que queria punir o repórter indomável:"Vá mas não morra na guerra, porque jornalista não vai à guerra para morrer, mas para mandar notícias".
Joel foi, mandou as melhores notícias, mas nunca poupou a figura do patrão.

Joel Silveira entrevistou e conviveu com os políticos mais expressivos da História do Brasil. Getúlio Vargas o tinha em alta conta; JK despertou nele um sentimento de esperança; foi admirado por Jango; se frustrou com Jânio Quadros. Com os líderes políticos da atualidade ele não tinha contemplação:"É uma safra de medíocres" .

Li numa entrevista que ele deu há muito tempo no Fantástico para o repórter Geneton de Moraes (fã de carteirinha, como eu), uma definição do relacionamento que ele teve com o dramaturgo Nelson Rodrigues: "Chegamos a trabalhar na mesma redação, ele lá e eu cá. Um dia ele se aproxiumou , parou em frente a minha mesa enquanto eu debulhava a remignton. Cigarro dançando na boca, me olhou com aquele olhar de peixe morto e disse simplesmente: "Patético!". Virou as costas e voltou pro seu canto. Não deixei barato: fui até a mesa dele, repeti o jesto, inclusive com o cigarro dançando na boca e falei:"Dramático!" .

Joel não gostava de Jorge Amado mas decidiu disputar a cadeira dele na Academia Brasileira de Letras, só para atrapalhar a eleição de Zélia Gatai, que chamava de subliterata. Não deu, porque Zélia (Anarquistas, graças a Deus) virou imortal.
Acidez mesmo ele tinha com relação a Paulo Coelho:"Eu não entendo o fenômeno Paulo Coelho. O Bill Clinton leu, o Chirac leu, o mundo inteiro leu. Fui tentar e não consegui, vomitei. Peguei o livro dele que me deram de presente e mandei devolver para não infectar a minha biblioteca".
Esse era Joel Silveira, o admirável especialista do efêmero.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Começou mal,muito mal

   Sergio Moro começou efetivamente sua vida de político neste sábado em Curitiba. Numa feira   no Juvevê   foi recebido com frieza pelo povo e ouviu muitos insultos. Chegou mudo e saiu clado, acompanhado de meia dúzia de assessores, inclusive uma cinegrafista. Ele disputa com Álvaro Dias, seu ex-fã e agora inimigo, a única vaga do Senado. Chances de vitória? Tem, mas são pequenas, pra não dizer, quase zero.  

Demora, mas chega...

 Estou ansioso pelo blog, que está demorando por conta da demanda de trabalho da equipe que está montando. Hoje recebi a notícia de que está sendo finalizado e entra no ar ainda esta semana. Pretendo atualizá-lo o tempo todo - de manhã, de tarde e de noite.