"Uma tarde de 1970, o governador do Paraná, Paulo Pimentel, conversou longamente com o deputado da Arena, Haroldo Leon Peres, no escritório da representação do Estado, na esquina da Rua da Assembléia com a Avenida Rio Branco, no Rio. Saiu Peres, Pimentel estava furioso:
- Nery, esse Haroldo é um idiota. Imagina que veio aqui me dizer que vai ser o próximo governador. Já está escolhido, mas gostaria de ter o meu apoio. Em troca, assegura para mim o Ministério da Agricultura. Mal conseguiu eleger-se deputado, não tem prestígio, eu não o quero, o Ney não o aceita, como é que ele vai ser governador e negociando ministério?
Uma semana depois, ao fim de um jantar, em Brasília, o general presidente Médici dizia à mulher do deputado Haroldo Leon Peres:
- A senhora está de parabéns. Amanhã, saberá".
. Sebastião Nery, colunista da Tribuna da Imprensa (link ao lado)
Remember: Haroldo Leon Peres, que entrevistei para Folha de Londrina e mais tarde para a revista Pois É, recebeu o governo do Paraná como prêmio por ter defendido na Câmara Federal a invasão que o governo Médici fizera à Universidade de Brasília. Sua permanência no Palácio Iguaçu durou cerca de sete meses. Motivo da queda: uma gravação que o empresário Cecílio Rego Almeida , também já falecido, fizera de uma conversa com Leon Peres na Praia de Copacabana. O governador recém-empossado teria pedido propina para pagar a dívida que o Governo do Estado tinha com a CR Almeida pela construção da Central do Paraná. Haroldo ficou anos "confinado" no Rio e quando voltou ao Paraná, mais precisamente a Maringá, eu fui um dos primeiros jornalistas e entrevistá-lo. A entrevista foi no Bandeirantes Hotel. Ele se irritou com algumas perguntas que fiz, mas partiu pro ataque, acusando Paulo Pimentel e Ney Braga de terem armado uma cilada contra ele. A lembrança feita acima por Sebastião Nery explica, até certo ponto, as razões da cilada.
Aliás, Ney Braga fora acusado de armar ciladas também contra Moisés Lupion, com quem tentei fazer uma entrevista para a POIS É e não consegui. Mas cheguei a conversar com ele por telefone. Lupion, que entrou para a história do Paraná como o político mais corrupto que este estado já teve, morreu negando tudo e acusando Ney de ser o grande responsável pela construção dessa imagem negativa.
Meu sonho era fazer uma capa da revista com Moisés Lupion, com uma foto dele em frente ao Palácio do Batel , em Curitiba. Com a ajuda do Luiz Geraldo Mazza, cheguei a conversar com dona Vilma, esposa de Lupion. Mas não teve jeito. Mesmo eu argumentando que a reportagem poderia ser uma oportunidade dele resgatar sua imagem perante a população paranaense.
Lupion teve seus bens expropriados, mas muitos anos depois, já no fim da vida, conseguiu ganhar na justiça o Palácio do Batel, que até então era ocupado pela Rede Paranaense de Televisão.
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Cássio Augusto - cassionl@yahoo.com.br