O que o padre falou na homilia é muito sério. A democracia apanha de cinta quando o processo eleitoral abre brechas para que candidatos endinheirados praticamente comprem seus mandatos, enquanto outros, politicamente corretos e realmente comprometidos com o interesse público, padecem de absoluta falta de condições de ir às ruas pedir votos.
A situação é mais grave nas eleições proporcionais, porque cabe aos deputados, federais principalmente, a tarefa de votar as grandes reformas. O Brasil precisa urgentemente de mudanças profundas no seu sistema eleitoral. Não dá mais para conviver com essa hipocrisia do discurso utilitarista e legalista, que mascaram práticas abomináveis, para dizer o mínimo.
Já passou da hora do país discutir com seriedade o financiamento público de campanha, para que haja um mínimo de equilíbrio nas disputas eleitorais. O poder de influência do dinheiro numa campanha é que eterniza composições desastrosas de bancadas estaduais e federais, com a consequente contaminação das câmaras municipais. Não nos iludamos: por mais que hajam leis duras, como é a legislação eleitoral da atualidade e como é a lei do ficha limpa, nada muda se a sociedade não purgar os seus próprios pecados. Que os anjos digam amém e os púlpitos das igrejas sejam espaços também de conscientização do eleitor, como foi caso da homilia citada no poste anterior.
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