“Eu tinha apenas 23 anos, recém-parida e fui espancada de muitas formas, fiquei com o corpo todo marcado, destruída por dentro. Meu torturador era tarado, me judiava e humilhava muito… Passei mais de um mês sem tomar banho, fedia por causa do sangramento comum após o parto e também devido ao leite, que cheirava azedo. Por causa disso, me deram uma injeção para secar meu leite. Não tive o direito de amamentar meu filho… Pior do que isso, eles usaram um bebê para me coagir. Por duas vezes, levaram meu filho ao DOPs e ameaçaram queimá-lo vivo caso não os ajudasse a localizar meus companheiros, mas eu não sabia onde eles estavam…” Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”. Por que essa da
MESSIAS MENDES - Informação e análise, com o máximo de isenção e imparcialidade. Meu compromisso? É nunca afrontar a realidade dos fatos.