Esta foto histórica me foi enviada pelo amigo Antônio Carlos Locatelli (fotógrafo da UEM). É de um dos concursos de oratória de Maringá, vencido,como sempre acontecia, pelo eloqüente cearense Ernesto Piancó Morato , o do meio. Moscardi (o de barba) era sempre o segundo e Paulo Rodrigues Vieira, o eterno terceiro. Mas depois de vencer três seguidos, Piancó virou hor concours e só então Moscardi pode vencer um. Mas ele reconhece:”Era impossível ganhar do Ernesto. Ele era o cara”.
Em 1979 fui com Ernesto participar do Estágio Universitário no Congresso Nacional, promovido pela quarta secretaria da Câmara. Éramos em 70 estudantes, dois – eu e ele, representando a Universidade Estadual de Maringá. Tive a indicação do então deputado Walber Guimarães e para ocupar a outra vaga fui tentar convencer o reitor Rodolfo Purpur a indicar o Piancó, destacado aluno do curso de Direito. Lembro-me que o reitor me fez o seguinte questionamento: “Por que razão você está tão empenhado em brigar pela ida do Ernesto?”. Respondi: “Porque ele é meu amigo e por achar que vai honrar a UEM neste estágio”. Purpur foi rápido: “Ok, vão vocês dois , então”.
O estágio durava 11 dias e cada participante tinha que apresentar uma monografia. No encerramento daquele estágio (setembro de 1979) teve a entrega dos certificados no auditório Nereu Ramos. Piancó não queria participar da disputa que indicaria o orador da turma. Por insistência minha participou e disputou a final com o maranhense Mário Alves, um monstro da oratória. Houve empate e, antes que o coordenador do estágio fosse para uma segunda rodada de votação, levantei e sugeri que a solenidade tivesse dois oradores. A platéia de universitários concordou e no dia seguinte, na presença de vários deputados e senadores (lembro-me de Jarbas Passarinho, Roberto Friere, Freitas Nobre, Marcondes Gadelha e João Cunha), os dois oradores mataram a pau. Mário leu o discurso e perdeu um pouco a eloqüência. Piancó falou de improviso e foi aplaudido de pé, inclusive pelos parlamentares presentes, que foram, um a um, cumprimentá-lo.
Ernesto Piancó faleceu jovem, aos 43 anos, de infarto. Estava indo levar os filhos para conhecer os avós paternos na cidade cearense do Crato. Já se vão quase 10 anos, quando isso aconteceu. Ele morreu dentro do ônibus na rodoviária de Mantena (Minas Gerais).
Comentários