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Isso é história


Vendo agora de manhã no blog do Rigon a foto das torres da Praça Pio XII , mais conhecida como praça das antenas, lembrei-me de um episódio que precisa ser registrado nos anais da história de Maringá. Seguinte: ali por 73, 74, os donos da Rede Paranaense de Rádio, Joaquim Dutra e Samuel Silveira, projetaram construir a sede da TV Cultura naquele redondo, que até então era só mato. O prefeito Silvio Magalhães Barros I brecou, com o argumento de que não permitiria edificação numa praça. Por causa dessa discussão, criou-se uma animosidade insuperável do grupo empresarial com o prefeito. Sem o espaço físico desejado para construir, Dutra e Samuel alugaram o recém desocupado prédio do Instituto Filadélfia para instalar a TV Cultura, Canal 8, que entrou no ar em setembro de 1975. Por questões protocolares, o prefeito estava na solenidade de inauguração, transmitida ao vivo. Porém, mesmo sendo a autoridade máxima do município, era quem menos aparecia no vídeo. Havia orientação expressa aos câmeras e diretor de tv para evitarem ao máximo a aparição de Silvio. Mas o prefeito, cuja administração foi marcada pela polêmica, não deixou barato: em 76, ele proibiu que o carro de externa da TV Cultura entrasse no Estádio Willie Davids para gravar teipes dos jogos do Grêmio. A situação se complicou tanto que para enviar os gols e as melhores defesas do goleiro Rubens para o Fantástico, a TV Cultura tinha que emprestar as imagens da TV Tibagi, de quem havia herdado a programação da Rede Globo, como conseqüência da ferrada que Paulo Pimentel levara do Regime Militar, que até então, ele defendia com unhas e dentes.
Passou o resto de 1975 e todo o ano de 1976 (último da administração SBI) e a TV Cultura não tinha imagem nenhuma do prefeito. Muito menos entrevista. Registro então outro fato, do qual fui personagem: o saudoso Rubens Ávila, editor chefe da Cultura, agendou anos depois, uma entrevista com Silvio Barros, que estava fora da vida pública, vivendo discreta e modestamente numa casa da Rua Rui Barbosa. O argumento do Rubão: “ Messias, vamos lá fazer uma entrevista com o Silvio, porque conversei com ele por telefone e ele me disse que estava mal de saúde. Se ele morre, não temos nada dele par colocar no ar, a não ser fotos de jornais e um slide de péssima qualidade técnica. Vai lá e entrevista o ex-prefeito sobre o fim do bipartidarismo”. Fui e na volta levei uma bronca do chefe. Não porque a entrevista tenha ficado ruim, pelo contrário, ficou ótima, porque Silvio se expressava com facilidade e tinha capacidade incrível de interpretar a cena política. O problema é que a entrevista ficou longa demais, um exagero considerando que não era VT, era filme sonoro e eu e o cinegrafista José Antônio Tofanetto (Geada) havíamos consumido os 12 pés do magazine da câmera. Dois meses depois, Silvio Barros faleceu e mandamos pro ar quase 4 minutos de entrevista com o ex-prefeito.

Em tempo: Geada continua na ativa e a TV Cultura ocupa ainda hoje o prédio alugado, embora o tenha reformado e ampliado várias vezes, para atender as exigências do crescimento da emissora, onde trabalhei por 15 longos anos.

Comentários

Anônimo disse…
Caríssimo Messias: Sílvio Barros era vetado no Diário, 74. Eu dava um jeito de furar o bloqueio, Rubão fazia vista grossa e saia alguma coisa do "Chorão". Chorão, explico, dr. Magalhães Barros, um dentre os políticos decentes que conheci, quando se tratava de reivindicar por Maringá, ia facilmente às lágrimas. Muita gente se lembra do quanto ele conseguiu aquela vez que Emilio Gomes instalou o Governo em Maringá, no Hotel Bandeirantes. E quem apelidou Furlaneto de Geada fui eu. O Mata Junta, Antonio Carlos ídem. Mata Junta apresenta programa de TV aqui em Curitiba, sobre automóveis. Parreiras dos Cocos, ex-Diário.

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