Acabo de ficar sabendo pelo blog do Rigon sobre a morte do professor José Iran Salée, na minha avaliação, o maior craque em língua portuguesa que Maringá teve. Ele brincava com a análise sintática, ensinava trovando a conjugação de verbos, metia o seu Corinthians do coração no ensinamento do transitivo e do intransitivo. Era uma fera, um vocacionado para o magistério, que dominava o Latim como poucos. Tive o privilégio de ser seu aluno, no antigo Colégio Paraná. Fiz uma reportagem para a Revista Pois É sobre o seu inseparável Belkar, um DKV que ele não trocava e não vendia, apesar de já ser um carrinho superado pelo tempo. Mas um dia não resistiu à oferta de um colecionador e passou o que ele chamava de DKH pra frente. E a partir daí, passou a andar de fusca, "porque ninguém é totalmente humilde, nem eu".
Iran teve tudo para virar político de projeção. Nunca quiz deixar a sala de aula. O máximo que fez, foi se aventurar por uma secretaria municipal de educação. Foi secretário na segunda gestão João Paulino Vieira Filho. Gostava do bom texto, mas bairrista como ele só, vivia me incentivando a escrever melhor, porque nunca abriu mão de ler coisas que maringaenses como ele escreviam. Lia tudo do A.A.de Assis, brincava com a trovas do Dari Pereira, lia em Latim o que Galdino Andrade escrevia em bom português.
A foto que o Rigon publica e que eu posto aqui, foi mesmo tirada alí em frente ao Café Cremoso. Ele estava sempre por alí, para tomar um cafezinho, comprar um pão ou fazer uma fezinha na lotérica ao lado. Que Deus o tenha, querido professor!
Comentários
Antonio Roberto de Paula
Com pesar tomo ciencia do passamento do nosso querido professor Hiran Salée. Lembranças me levam para 1959, Ginásio Maringá (hoje Colégio Marista). O professor morava num pequeno espaço, algo próximo de 20m2. Frente a sua porta reunia-se diariamente no recreio centenas de garotos, pois ali era o "cassino" do colégio: jogá-se o " bafo", ´sob o olhar magestoso do retrato de Rui Barbosa, desenhado com giz branco num pequeno quadro negro, pelas mãos de Hiran, cujo talento habilmente orquestrava os repiques, bumbos, cornetas e tambores da maior fanfarra do noroeste do Paraná...
Wellington Soares (08/jun/2009)