. por José Chuves Filho (blog do Zé Beto)
Quem achava que Raul Seixas nasceu há dez mil anos atrás se enganou. Ele nasceu há 65 anos atrás, no dia 28.06.45, e teria completado 65 anos ontem. Raul é um dos artistas mais extraordinários que este País já teve. Soube fazer rock, baião, frevo, samba, marcha de carnaval, bolero, música brega – sempre com a mesma irreverência e com letras brilhantes. Fez o primeiro clipe colorido da história do Brasil, com Gitã, para o programa Fantástico. Também é dele a música-tema do especial “Plunct Plact Zoom”, da Globo. Nunca, porém, se deixou levar por modismos, nunca se corrompeu e nunca fez questão de adular ninguém, razão pela qual era odiado pelos executivos das grandes gravadoras. Certa feita a polícia de Curitiba prendeu um rapaz que se apresentava como se fosse o Raul - e que de fato era muito parecido com ele. O rapaz levou uns cascudos, abriram processo, aquele rolo. Os executivos da gravadora vieram triunfantes dar a notícia ao Raul pela prisão do “pirata”. O Raul simplesmente tirou uma fotocópia autenticada do seu RG e mandou para o rapaz com um bilhete: “… Meu chapa, na próxima vez que a polícia te prender, apresenta este documento e diga que você sou eu mesmo. Pode dar seus shows e ganhar sua grana à vontade.” Outro engano é achar que ele só foi bom nos anos 70. Nos 80 ele ganhou mais 2 discos de ouro e seu último disco, “A Panela do Diabo”, em parceria com Marcelo Nova, produzido quando ele já estava quase consumido pela doença hepática, ainda traz pelo menos duas obras primas: “Carpinteiro do Universo” e “Pastor João e a Igreja Invisível”. Aliás, o título do disco, “A Panela do Diabo”, e a faixa “Pastor João e a Igreja Invisível”, geraram a fúria da ala fanática dos evangélicos, que chegaram a promover protestos contra o disco. Assim foi Raul Seixas. Incomodando com sua arte do início ao fim. O início, o fim e o meio. Raul foi embora no dia 21 de agosto de 1989.
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