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Um doloroso exemplo de intolerância racial

Do blog do jornalista e escritor Georges Bourdoukan

"Recebi de um grande amigo, procurador do Estado, o seguinte e-mail, que repasso aos leitores. Esclareço que omiti o seu nome por razões que todos entenderão.

“Amigo Georges
Puxa, como a vida pode ser uma merda, uma merda!

Um colega meu de trabalho, um bom colega, sem nenhuma posição política definida, mas uma pessoa boa, honesta e sensível, me relatou hoje uma dessas merdas completamente desnecessárias da vida.


A filha dele, uma menina de 17 anos (que eu não conheço) se apaixonou por um menino da idade dela, um menino um ou dois anos mais velho do que ela. Parece que o menino é boa gente, ele foi bem recebido pelos pais da menina, foi recebido com um amável jantar em casa, coisas assim.


Pois o inacreditável é que os pais do rapaz, ao descobrirem o namoro, PROIBIRAM o namoro dele com a menina, porque ele é de família judia e a menina é filha de mãe síria, casada com um brasileiro.


Pior: o rapaz OBEDECEU os pais e acabou de romper o namoro com a menina, o rapaz repetiu para ela o inacreditável argumento de “raças inimigas”.


Georges, imagine só, um JOVEM se submeter a um argumento besta e desumano desse...


Que tempos horríveis estamos vivendo!


A menina está em prantos, sem entender nada, e os pais dela não sabem o que dizer para consolá-la.

E eu, completamente incompetente, não soube o que dizer para me solidarizar com o meu colega de trabalho!

Só fiquei estarrecido e idiotamente mudo.

Senti uma tristeza sem limites.

Acabo de chegar em casa com uma vontade besta de chorar...


Que merda este nosso mundo, Georges”!

Comentários

Anônimo disse…
O que está acontecendo é um retrocesso no processo civilizatório. E de novo e, sempre, em nome de fundamentalismos religiosos. Uma pena, mas são esses jovens que sofrerão na pele as opções equivocadas das gerações que lhes antecederam, que podem fazer de outro jetio: podem retomar o caminho da civilidade, cujas ações devem ser pautadas no velho e bom racionalismo, aliado à justiça social, óbvio. Mas, fico feliz em saber que existem ainda pessoas sensíveis que sofrem com uma notícia dessas. Pena não conhecer tantas assim! Ana Lúcia Rodrigues

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