Seis em cada dez jornais americanos estavam envolvidos até a medula numa campanha encarniçada de desmoralização do presidente Roosevelt. Chegaram a chamar o New Deal, que salvou o capitalismo americano da craque de 29, de programa comunista. A Suprema Corte Americana deu ganho de causa ao presidente contra o que o próprio Franklin Delano Roosevelt chamou de " mídia arrogante". É oportuno a gente lembrar este fato, como acaba de fazer Argemiro Ferreira no jornal carióca Tribuna da Imprensa, porque o comportamento da imprensa americana no início dos anos 30 tem algo em comum com o comportamento da grande imprensa brasileira em 2006 e o comportamento de mídia latina, totalmente americanizada, em relação a Hugo Chaves.
Mais oportuno ainda porque, lembrando que Roosevelt recorreu ao rádio para se contrapor aos jornais, nos deparamos agora com a notícia de que o governador Roberto Requião, que está em confronto direto com a mídia paranaense, acaba de fazer um agrado às emissoras de rádio e delas se aproximar , como fizera Roosevelt e como faz Hugo Chaves na terra da próxima Copa América. A propósito, transcrevo na íntegra um trecho do artigo do experiente jornalista Argemiro Ferreira:
" Essas conversas pelo rádio (nos dias atuais, também pela TV) têm sido um dos recursos usados por vários presidentes que se tornam alvo da fúria dos donos da mídia. Na Venezuela, Hugo Chávez criou seu "Alô Presidente". E atualmente existe ainda a Internet, que tem sido cada vez mais atuante, em especial depois do surgimento dos blogs, sempre atentos à manipulação irresponsável da mídia.
As pessoas parecem cada vez mais conscientes, em toda parte, de que os donos da mídia têm de ser confrontados - e nunca premiados com mais privilégios, ou mais publicidade - quando se envolvem em complôs golpistas. Espera-se que isso aconteça também no governo Lula. Como lembrei uma vez, a resposta de Vargas em 1954 foi um tiro no peito. A do atual presidente, com o apoio esmagador da população, pode e deve ser outra" .
Mino e Raimundo, referências éticas
do jornalismo brasileiro também falam
Mino Carta foi mais além: para ele, a perda de ingerência da mídia sobre a opinião pública abre espaço para a construção de um novo modelo, e as posições do governador Roberto Requião representam esse caminho de mudança. “É preciso aproveitar essa oportunidade, pensar em algo que nos permita ocupar essa ‘terra de ninguém’”, afirmou, ao fazer referência ao espaço vazio criado no processo atual de perda de influência da mídia. “É preciso resistir, como faz com muita acuidade o governador Requião”, salientou.
O que está mudando, segundo o jornalista, é a opinião pública brasileira. “Ela está menos exposta ao poder da mídia. O público não está ouvindo tanto quanto já ouviu. A ‘distinta platéia’ está mais ‘na dela’ do que jamais aconteceu no país”. E completou"
(Da Agência Estadual de Notícias)
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