" Ninguém está acima de críticas e é compreensível que seja criticada a decisão de Hugo Chávez de não renovar a concessão da oposicionista Radio Caracas Televisión (RCTV) e transferir seu canal de tevê aberta para uma emissora estatal.
É correto criticar a atitude de Chávez na medida em que deixam de garantir diversidade, equilíbrio e acesso público, e servem para calar críticos indiscriminadamente – como, por exemplo, a disposição que prevê a punição de “desrespeito” ao governo. O presidente já detém o controle do governo federal, da maioria dos estados e municípios, do Legislativo e de boa parte do Judiciário – obtido em eleições livres e por meios legítimos, vale lembrar – e não deveria precisar de meios tão extremos para proteger a legalidade. Mas é errado tratar Chávez como a primeira e única ameaça à liberdade na Venezuela. Ameaça muito maior foi a própria mídia, durante o golpe de 2002.
Igualmente errôneo é acusá-lo de criar um monopólio da informação: isso já existia. Na pior das hipóteses, se o governo venezuelano tomasse as emissoras restantes e as controlasse diretamente, o monopólio só mudaria de mãos. Caso se queira mesmo defender a pluralidade e a liberdade de informação dos excessos de Chávez, o retorno da RCTV e do oligopólio midiático não é a solução.
As críticas devidas ao personalismo e ao autoritarismo não deveriam servir para ocultar o problema muito mais amplo da hegemonização e homogeneização da informação, na maior parte do planeta, pela grande mídia transnacional ou pelos oligopólios nacionais. A própria maneira como essa mídia tem falseado o debate venezuelano e omitido ou minimizado dados essenciais da questão é mais uma justificativa para ampliar o debate sobre a conveniência de se limitar o poder dos oligopólios da comunicação, a bem da democracia e liberdade de informação propriamente ditas."
Este é um pequeno trecho do ótimo artigo de Antônio Luiz. M.C. Costa publicado na última edição da frevista Carta Capital.
De qualquer ângulo que seja visto o episódio do fechamento da rede de TV, ele não deixa de significar um atentado contra a democracia contra a liberdade de expressão, principalmente. Mas qualquer cidadão medianamente bem informado e politicamente correto, não poderá deixar de considerar o que está por t raz da satanização do presidente venezuelano. O artigo em questão é esclarecedor. Vale a pena ler.
Comentários
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Abraços
Bulga