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A perpetuação da excrescência

As tais de emendas parlamentares são, desde muito, uma porta de entrada da corrupção política no Planalto Central. A possibilidade de deputados levarem dinheiro em mãos para os prefeitos de suas bases , é que consolidam os currais eleitorais, que garantem reeleições indefinidamente. Quando Lula se elegeu para o seu primeiro mandato em 2002, achei que essa "farra" estava com os dias contados. Tive até um debate acalorado na CBN (onde desempenhei por algum tempo a função de comentarista do cotidiano) com o deputado Ricardo Barros. Quando eu perguntei qual seria seu comportamento na Câmara durante o governo Lula, tendo em vista o fato de que ele não sabia fazer oposição e que a fonte das emendas parlamentares deveria secar, ele se irritou comigo. E passou a chamar a eleição de Lula de "verdadeira fraude eleitoral". Não sei porque razâo ele considerava a vitória do líder metalúrgico uma fraude, mas acho que foi porque em nenhum momento Ricardo imaginou que fosse haver alguma mudança. E com relação a excrescência das emendas parlamentares, ele tinha razão.
Tanto tinha, que a farra continua e o papel do parlamentar-despachante está cada vez mais fortalecido. Senão vejamos este comentário do jornalista Josias de Souza (Folha On Line):

"O relator do Orçamento da União, José Pimentel (PT-CE), anunciou nesta quarta-feira (13) os aguardados cortes destinados a compensar a perda da CPMF.
O governo esperava de Pimentel a severidade de um samurai. Mas, em vez da espada, o deputado foi à poda munido de canivete. Um canivete cego. A Fazenda pedira R$ 20 bilhões. Pimentel só entregou R$ 12,26 bilhões.
Dos R$ 13,76 bilhões que reservara para as emendas coletivas, assinadas por bancadas pluripartidárias, Pimentel manteve longe do canivete notáveis R$ 10,15 bilhões. Quanto às emendas individuais, ele as conservou todas: R$ 4,75 bilhões. Assim, sobreviveram nas dobras do Orçamento vários escândalos esperando para acontecer.
Os autores das emendas decerto não retiveram uma lição básica que todas as mães ministram aos filhos: o primado da higiene. Toda mãe ensina aos rebentos que tampa de privada e dinheiro são coisas sujas. Quem toca deve lavar as mãos na seqüência.
No Congresso, até ensinamento de mãe é gostosamente subvertido. Faz-se do Orçamento um eterno repositório de dejetos. E o dinheiro público, já prenhe de micróbios e impurezas, é banhado na lama antes de migrar para mãos ávidas por tocá-lo".

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