.Paulo Roberto Donadio
Lendo a coluna do Edson Lima de 16/06/11 no O’Diário do Norte do Paraná (Maringá), pude perceber que os parlamentares da “CPI dos leitos” mais uma vez misturaram “alhos com bugalhos”. Impossível comparar número de funcionários de um hospital privado, como é o Hospital Santa Rita (embora queira ser visto como beneficiente), e um hospital público, como é o HU.
Impossível pelo simples fato de que são completamente diferentes . . . em tudo.
O Santa Rita não tem Hemocentro, Banco de Leite Humano e Serviço de Toxocologia. Terceiriza exames de laboratório e de segurança, não sendo computados como funcionários. Mas a principal distorção está no corpo clínico, pois os seus médicos, que são em grande número, também não são computados como funcionários, e sim prestadores de serviço (aliás, essa é uma questão muito interessante do ponto de vista trabalhista, porque quando os médicos acordarem e se derem conta de que podem acionar o hospital na justiça do trabalho . . . vai faltar dinheiro prá pagar o estrago).
Mesmo com os devidos ajustes, a proporção de funcionários do HU ainda será maior, também por uma simples razão: o HU procura cumprir as normas que determinam as proporções ideais para um atendimento adequado, coisa que hospitais privados não têm o hábito de fazer. E falo isso não porque acho que é assim. Isto está amplamente publicado na literatura pertinente.
Creio que a lógica deveria ser invertida. O correto seria questionar se o número de funcionários em relação ao número de leitos não está aquém do necessário no Hospital Santa Rita, especialmente na área de enfermagem. Não só pela CPI, mas também pelo Ministério Público e pelos Conselhos de Classe dos trabalhadores da saúde. Tenho certeza que está faltando gente para melhor cuidar dos pacientes, e isso tem repercussão direta na qualidade da assistência e no resultado do tratamento instituído.
Outro questionamento que entendo deveria ser feito diz respeito à porta de entrada nas áreas que o hospital Santa Rita é credenciado em alta complexidade, principalmente de Oncologia e Cardiologia. Qual a razão de não ser cobrado por parte do gestor municipal que este hospital mantenha porta aberta nestas áreas, conforme determinam as portarias do Ministério da Saúde?
Porque o foco das “desgraças” do SUS em Maringá é sempre o HU?
* Paulo Roberto Donadio
Reumatologista, Professor de Reumatologia do Departamento de Medicina da UEM
Ex-Diretor da 15ª Regional de Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde.
Ex-Diretor-Superitendente do HU.
Ex-Secretário Municipal de Saúde de Maringá.
Lendo a coluna do Edson Lima de 16/06/11 no O’Diário do Norte do Paraná (Maringá), pude perceber que os parlamentares da “CPI dos leitos” mais uma vez misturaram “alhos com bugalhos”. Impossível comparar número de funcionários de um hospital privado, como é o Hospital Santa Rita (embora queira ser visto como beneficiente), e um hospital público, como é o HU.
Impossível pelo simples fato de que são completamente diferentes . . . em tudo.
O Santa Rita não tem Hemocentro, Banco de Leite Humano e Serviço de Toxocologia. Terceiriza exames de laboratório e de segurança, não sendo computados como funcionários. Mas a principal distorção está no corpo clínico, pois os seus médicos, que são em grande número, também não são computados como funcionários, e sim prestadores de serviço (aliás, essa é uma questão muito interessante do ponto de vista trabalhista, porque quando os médicos acordarem e se derem conta de que podem acionar o hospital na justiça do trabalho . . . vai faltar dinheiro prá pagar o estrago).
Mesmo com os devidos ajustes, a proporção de funcionários do HU ainda será maior, também por uma simples razão: o HU procura cumprir as normas que determinam as proporções ideais para um atendimento adequado, coisa que hospitais privados não têm o hábito de fazer. E falo isso não porque acho que é assim. Isto está amplamente publicado na literatura pertinente.
Creio que a lógica deveria ser invertida. O correto seria questionar se o número de funcionários em relação ao número de leitos não está aquém do necessário no Hospital Santa Rita, especialmente na área de enfermagem. Não só pela CPI, mas também pelo Ministério Público e pelos Conselhos de Classe dos trabalhadores da saúde. Tenho certeza que está faltando gente para melhor cuidar dos pacientes, e isso tem repercussão direta na qualidade da assistência e no resultado do tratamento instituído.
Outro questionamento que entendo deveria ser feito diz respeito à porta de entrada nas áreas que o hospital Santa Rita é credenciado em alta complexidade, principalmente de Oncologia e Cardiologia. Qual a razão de não ser cobrado por parte do gestor municipal que este hospital mantenha porta aberta nestas áreas, conforme determinam as portarias do Ministério da Saúde?
Porque o foco das “desgraças” do SUS em Maringá é sempre o HU?
* Paulo Roberto Donadio
Reumatologista, Professor de Reumatologia do Departamento de Medicina da UEM
Ex-Diretor da 15ª Regional de Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde.
Ex-Diretor-Superitendente do HU.
Ex-Secretário Municipal de Saúde de Maringá.
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