Vi hoje cedo num programa de entrevista da RIC o super-secretário Guatassara Boeira falar sobre políticas de ocupação do solo urbano de Maringá. Uma aula de arrogância e absoluta falta de modéstia. Criticou o Plano Diretor, elaborado após mais de uma centena de assembléias populares, realizadas ao longo de um ano pela administração do PT (Zé Cláudio/João Ivo). Disse que o PD impede o crescimento horizontal da cidade, como se responsabilizasse os ex-gestores pela supervalorização dos imóveis na cidade. Falta terreno para loteamentos no perímetro urbano, sustenta Boeira, que fez a mágica de reduzir para 4.6% os espaços vazios que de acordo com levantamento técnico do Observatório das Mettrópoles passam dos 40%. É inegavel o conhecimento técnico de Boeira sobre planejamento urbano, mas é inquestionável sua capacidade de dissimulação, quando mente sobre os mecanismos de controle da especulação imobiliária. Segundo ele, dentro de um ano a Prefeitura começa a tascar o imposto progressivo sobre as grandes faixas de terrenos vazios , para forçar seus proprietários a disponmibilizá-las para ocupação. Mas o instrumento será utilizado sobre 4.6% e não sobre 42%. Significa dizer que muitas áreas continuarão intocáveis, a espera de valorização. Enfim , a especulação imobiliária dá uma surra de chibata no bom senso.E por conta dessa irresponsabilidade, o mercado vai avançar sobre as áreas de contanção, chácaras de lazer que dificilmente teriam mais de 15 habitantes por hectare, significando na prática, barreiras contra a destruição dos fundos de vale e de mananciais importantes para o meio-ambiente. Some-se a isso, o fato de que, sendo Maringá um dos menores municípios do Estado em extensão territorial, logo não teremos áreas rurais. A Leste e a Oeste estamos conurbados com Sarandi e Paiçandu. Ao Sul, a expansão do perímetro urbano é barrada por irregularidades topográficas, segundo admite o próprio Boeira. Mas ao Norte, o céu é o limite, logo encostaremos em Iguaraçu e Ângulo. O projeto de expansão urbana aprovado de maneira irresponsável pela Câmara no apagar das luzes de 2009 permite isso, mesmo havendo espaços vazios dentro da cidade a perder de vista. Espaços que já são vendidos a peso de prata e que, esperando mais um pouco, sem pressão social ou legal (vide Estatuto da Cidade),terão peso de ouro 18 quilates, e quem sabe, 21.
Apesar de tudo isso, Guatassara surfa absoluto em cima da passividade de uma Câmara cordata; de uma mídia descompromissada com o futuro da cidade e de uma sociedade organizada pouco afeita a embates.
Ao assistir com muita atenção a entrevista de Guatassara, que navega no conhecimento técnico que inegavelmente ele possui, e na passividade do entrevistador, que mais levanta bola do que questiona, fiquei pensando no genial Gepeto. O que pensei? Pensei que talvez o seu espírito pudesse sobrevoar os estúdios, para fazer crescer diante das câmeras da RIC, o nariz do auto-suficiente Jurandir, como fez com o simpático boneco de madeira que criou.
Apesar de tudo isso, Guatassara surfa absoluto em cima da passividade de uma Câmara cordata; de uma mídia descompromissada com o futuro da cidade e de uma sociedade organizada pouco afeita a embates.
Ao assistir com muita atenção a entrevista de Guatassara, que navega no conhecimento técnico que inegavelmente ele possui, e na passividade do entrevistador, que mais levanta bola do que questiona, fiquei pensando no genial Gepeto. O que pensei? Pensei que talvez o seu espírito pudesse sobrevoar os estúdios, para fazer crescer diante das câmeras da RIC, o nariz do auto-suficiente Jurandir, como fez com o simpático boneco de madeira que criou.
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Abraços.