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A esquerda cresce, a direita murcha na AL

"Evo Morales acaba de dar uma surra na oposição, na Bolívia. Isso nem chega a surpreender. O que surpreende é o fato de as siglas tradicionais da centro-direita boliviana estarem à beira do colapso: o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), de Víctor Paz Estensoro, e a Ação Democrática Nacionalista (ADN), de Hugo Bánzer, e o MIR (que deu apoio ao governo liberal de Sanchez de Lozada) já tinham entrado em decadência antes de Evo Morales chegar ao poder.
Na Venezuela, a AD e o COPEI (que dominaram a politica nacional durante a segunda metade do século XX) viraram partidos nanicos.
Na Argentina, a UCR (que não é de direita, mas de centro; um partido liberal, com fortes raizes na classe média portenha, e que sob o governo de Alfonsin teve papel fundamental na redemocratização do país pós ditadura) chegou à beira do colapso, depois do governo de De la Rúa (que fugiu do palácio de helicópetero) e quebrou a Argentina.
No Uruguai, o último pleito mostrou a decadência do velho Partido Colorado. Rival histórico do Partido Nacional, aceitou apoiar Lacalle (candidato do Partido Nacional) no segundo turno, para evitar a vitória da esquerda. Os dois apanharam juntos, e terão que se reinventar para fazer frente aogoverno de Pepe Mujica, da Frente Ampla.
No país andino, o centro (desde o fim da ditadura de Pinochet) mantém uma aliança firme com a centro-esquerda do Partido Socialista. A direita, isolada, perdeu todas as eleições, mas não perdeu a direção. Até porque, no Chile, a direita não renega a ditadura de Pinochet. Defende Pinochet, defende o programa liberal (na economia) que ele implantou.
E o Brasil?
Aqui, o quadro é mais confuso, mais matizado...
O colapso da economia, nos anos 80, não provocou o enterro das duas velhas legendas: PMDB e PFL. Eles perderam o centro do poder, mas sobreviveram nas beiradas, costurando alianças com tucanos e petistas.
O PMDB mantém-se no poder com Lula. Cada vez mais fragmentado.
Já o velho PFL passa por um processo semelhante ao da direita na Venezuela e na Bolívia. Mudou de nome (DEM) em 2007. Adotou um tom "liberal" no discurso, e preparou-se para ser o partido das classes médias conservadoras e liberais: contra os impostos, contra a corrupção.
Mas a danada da realidade atrapalhou tudo.
O DEM é uma caricatura.
Falta identidade à direita brasileira. Falta programa.
No quadro partidário, ninguém cumpre o papel de encampar o discurso da direita. O DEM havia levantado velas, e preparava-se para ocupar essa raia. Mas parece que naufragou antes de chegar a mar aberto.
Não acho isso bom. A direita é uma força política, real, na sociedade brasileira. Se não se sentir representada politicamente, pode aderir a aventuras extra-institucionais (gostaram do eufemismo para golpe?).
O desespero que vemos nos colunistas e comentaristas da mídia corporativa indica o grau de desespero dessa turma. No Brasil, a direita sobrevive na mídia!
A desagregação política da direita na América Latina é um fato. No Brasil, esse fato ganhou uma imagem simbólica a representá-lo: as propinas do DEM.
Uma nova direita deve surgir. Espero que surja como opção política. Não como gangue, nem como aventura fora dos marcos da democracia”.

PS : a análise do jornalista Rodrigo Viana ( blog Escrevinhador) tem precisão cirúrgica , apesar de esquecer do Paraguai, onde o Partido Colorado murchou com a vitória do bispo Fernando Lugo..

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