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Juca, em “o dia que Edson traiu Pelé”

 

O jornalista Juca Kfouri conta em uma entrevista, ora no Youtub, que certa feita bateu boca com Pelé, seu grande amigo e de quem escrevia uma biografia. Tudo por causa de um acordo espúrio que o rei havia feito com a cartolagem do futebol brasileiro. A discussão começou quando Pelé detalhou o acordo e Juca, muito contrariado, reagiu com aquela ironia que lhe é característica: “Olha aqui rei, acabo de alinhavar na cabeça um novo capítulo para o livro. E já tenho até o título. Escuta só: O dia em que Edson traiu Pelé”. Claro, Pelé não gostou e o leite azedou. Resultado: o livro parou por aí. Tempos depois, Pelé procurou Juca para se desculpar, reconheceu o erro mas achou que para a circunstância em que o acordo se deu, o que fez era certo. Os dois reataram.

Juca, entre elogios a Pelé e algumas críticas a Edson, lembrou do dia em que estava na casa do rei do futebol e ele recebeu uma ligação do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, convidando-o para um café e um bate-papo na Casa Branca. Pelé resistiu à insistência do presidente da nação mais poderosa do planeta, mas Clinton não desistiu do papo que gostaria de ter, amiúde, com o astro do esporte bretão. Quando ele veio ao Brasil, os dois se encontraram na Favela da Rocinha, onde mais do que papo, bateram uma bola. Um bolão, aliás.

O surpreendente em Pelé, é a humildade que Juca disse que ele sempre teve, apesar de ser a personalidade mais conhecida e admirada do mundo. Cheio de contradições, como todo ser humano, o cidadão Edson Arantes do Nascimento tinha às vezes, momentos de conduta ética reprováveis. Mas não dá para deixar de reconhecer gestos como este, narrado por Juca Kfouri: “Certo dia ele me pediu para marcar uma audiência com o arcebispo de São Paulo, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Dei o telefone da arquidiocese pra ele e disse que bastava ele ligar, que Dom Paulo se ofereceria, e com muito prazer, para conversar com o rei Pelé, fosse onde fosse. Mas Pelé fez questão que eu marcasse e ele queria que Dom Paulo definisse dia, hora e local. E deixava claro todo o respeito que tinha por sua excelência reverendíssima”.

O fato concreto é que Juca não terminou a biografia, entregou o que já tinha escrito ao próprio Pelé e se recusou a terminar o livro, pela simples razão de que Pelé não queria ver eternizado nas páginas de um livro biográfico o lado sombrio do Edson. Juca pôs um ponto final na história: “Então rei, continuemos amigos, mas assim não aceito biografá-lo. Grande Juca!


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