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O dia em que o Mini chorou


Quando caia o salazarismo e o primeiro ministro Marcelo Caetano deixava o governo para mais tarde se exilar no Brasil, me emocionei com as lágrimas do Mini-Chico(foto), com quem eu viria a trabalhar meses depois. Francisco de Oliveira, um portuguesinho arretado, se derramava em lágrimas cada vez que cantarolava Grandola Vila Morena, o hino da Revolução dos Cravos. Português de nascença , tinha em Maringá o seu quartel general, de onde disparava matérias explosivas e tecnicamente perfeitas para o jornal O Estado de São Paulo. Em 1975, trabalhando comigo na sucursal da Folha de Londrina, mas sem deixar de ser correspondente do Estadão para o Norte do Paraná, ele ganhou o Prêmio Esso de jornalismo com a cobertura da geada negra que dizimou a cafeicultura paranaense. Saindo da Folha, foi para Porto Alegre, chefiar a redação da sucursal do Estadão na capital gaúcha, onde editou dois livros. Um deles, O Roubo é Livre, ajudou a desmontar o assombroso esquema de corrupção de uma grande cooperativa agrícola do Rio Grande do Sul.
Foi-se Mini-Chico, veio trabalhar na Folha o Germano de Oliveira, que ficou pouco aqui e se mudou para Londrina, onde foi também, correspondente do Estadão. Estou com saudade desses dois irmãos. A última vez que vi alguma coisa do Germaninho, foi uma série de reportagem no Estadão sobre a Ilha de Cabo Verde. Quanto ao Mini-Chico (ele ainda tem parentes aqui em Maringá) nunca mais o vi. Por onde será que anda este guerreiro português? Quando reencontrá-lo, vou pedir para ele cantarolar Grandola Vila Morena. Mini Chico canta mal pra burro, mas seu canto desafinado emociona pela carga de emoção que lhe traz as lembranças da Revolução dos Cravos.

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